terça-feira, 22 de setembro de 2015

Sonegação Fiscal, quem paga a conta?



Como já tratado em textos anteriores neste mesmo blog (clique aqui para lê-los), o sistema tributário brasileiro é regressivo, ou seja, os que possuem maior renda tem uma parcela menor de sua renda comprometida em impostos, este fato tem tido papel importante na acentuação da desigualdade social através da forte concentração de renda.

Como se isso não bastasse, outra questão fiscal que está contribuindo para a desigualdade social no Brasil e está jogando um peso fortíssimo em cima dos mais pobres é a alta taxa de sonegação fiscal.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional, Heráclio Camargo, apenas em 2014 foram sonegados 501,9 bilhões de reais no Brasil, o estudo realizado para chegar a esse valor tem como base dados consolidados e podem ser observados com mais informações no Site Quanto custa o Brasil, onde pode-se encontrar inclusive um sonegometro que mede quanto que se sonega por segundo no Brasil.

Para poder guardar grandes volumes de sonegação fiscal, assim como dinheiro de crimes como Corrupção, Tráfico de Drogas e de pessoas, são usados os paraísos fiscais. Que são territórios como capacidade jurisdicional para criar legislações que atraiam capital móvel de não residentes para transações com pouca ou nenhuma regulamentação e total sigilo, o que impede a identificação de seus depositantes. Podem ser países inteiros como Suíça, Luxemburgo ou Irlanda; podem também se limitar a um território especifico de um país como a chamada “The square mile” uma ficção territorial com legislação própria com uma área de 2,6km² dentro de Londres.

Muitas empresas que se localizam em paraísos fiscais, não possuem nenhuma estrutura e muitas vezes seu único patrimônio é uma caixa de correio. Em 2008 o então candidato à presidência dos Estados Unidos Barack Obama trouxe à tona durante sua campanha um caso nas Ilhas Cayman onde há um edifício (Ugland House) que abriga mais de 12 000 corporações norte-americanas. Outro exemplo é o das Ilhas Virgens Britânicas, onde há, em média, 43 empresas pra cada cidadão local.

Estima-se que cerca de 50% do comércio Internacional passe por paraísos fiscais apenas no papel. (SHAXSON, Nicholas. 2011)

Um exemplo clássico de como funciona o mercado de sonegação fiscal ficou conhecido como o paradigma do “Escândalo da Banana”:

O mercado de bananas envolve cerca de 50 bilhões de Euros anualmente e 70% do mercado é dominado por três corporações de grande poder econômico. Um engenhoso planejamento tributário comprime os preço pagos no país produtor e os estica nos países consumidores de modo que, de cada euro pago nestes, apenas um centavo corresponde a lucros no país produtor e outro centavo a lucros no país consumidor. Entre os dois polos são criadas despesas com empresas que pertencem a essas grandes corporações que estão estrategicamente situadas em paraísos fiscais. Assim os lucros são apropriados em locais livres ou de baixíssima tributação. Em suma, não é que o preço pago pelo consumidor não gere lucros, mas estes são apropriados de tal forma a não gerarem impostos correspondentes.

A evasão fiscal é crime e assim deve ser tratada. As administrações tributárias brasileiras precisam voltar a cumprir seu papel arrecadador e fiscalizador das obrigações tributárias com justiça fiscal e respeito aos contribuintes. Não pode a legislação brasileira desconsiderar crime apenas com o pagamento do valor sonegado (Lei nº 9249/95), transformando assim a sonegação como uma atividade que compensa no Brasil, pois o pior que pode acontecer é ter que pagar aquilo que você já é obrigado. Enquanto isso pessoas que foram presas por roubar margarina no mercado ficam presas por muito tempo.

“Operando na penumbra da legalidade, como os paraísos fiscais operam, é fácil cair completamente fora dos laços da legalidade. Onde há fuga legal de impostos e regulamentação raramente ficam atrás, e muitas vezes é difícil destingir: quando há segredo, o motivo é frequentemente alguma improbidade a criminalidade raramente está longe. Fechar os olhos às fugas da lei é solapar toda lei.” John Kay – Financial Times (2009)

Os paraísos fiscais minam o Estado Democrático de Direito, ao permitirem que aqueles que possuem os poderes econômicos possam burlar as regras além de serem beneficiados diretamente por um sistema desigual, inviabilizando assim o crescimento sustentável e harmônico e prejudicando profundamente os objetivos fundamentais de nosso pais:

I – Construir uma sociedade livre, justa e Solidária.

II – Garantir o desenvolvimento Nacional.

III – Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais.

(CF/88 - Art. 3º, I, II, III)

Por João Pedro Sansão

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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Imposto sobre grandes fortunas, o debate que a mídia esconde



Há muito tempo ouvimos falar que a carga tributária brasileira é alta, que se compararmos à outros países pode até ser parecida, porém nesses países o retorno do imposto é mais efetivo. A imprensa entope nossa cabeças diariamente, dizendo que precisamos fazer uma reforma tributária para que baixe a carga que os impostos possuem nas famílias brasileiras.

Será que essa é a reforma tributária que precisamos? Será que simplesmente diminuir os impostos resolveria os problemas do Brasil?

O que poucas pessoas falam, é que o nosso sistema tributário é regressivo, isto é, quanto maior a faixa de renda, menor a incidência da carga tributária, se analisarmos separadamente por renda veremos que as famílias com renda de até 02 salários mínimos tem 48,90% de sua renda comprometida com impostos, já as famílias com renda superior a 30 salários mínimos tem 26,30% de sua renda comprometida com impostos.

Isso acontece pois nossa base tributária é o consumo e não a renda, e como a necessidade de consumo não muda pela renda acaba gerando o efeito regressivo que vemos no Brasil, isso favorece a concentração de renda no Brasil que é muito alta.

Em audiência pública realizada na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, o economista Marcio Pochmann defendeu a justiça tributária com incidência sobre as grandes fortunas como instrumento para diminuição da desigualdade social e patrimonial da sociedade brasileira. Para ilustrar a desigualdade, observa-se que no Brasil, os 10% mais ricos detêm quase metade de toda a riqueza nacional. O 1% mais rico possui 1/6 da riqueza nacional.

Uma das formas de alterar essa forte relação de desigualdade seria o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) que como podemos ver a baixo, está previsto na constituição e até hoje nunca foi implementado.


Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I - importação de produtos estrangeiros;

II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

III - renda e proventos de qualquer natureza;

IV - produtos industrializados;

V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;

VI - propriedade territorial rural;

VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.


Em 2011 o governo francês anunciou um imposto de 3% sobre quem ganha mais de €500 mil anuais. Megaempresários, incluindo os controladores da Peugeot, Citroën, Danone e L’Oréal, reconheceram que pagam pouco imposto e anunciaram que contribuiriam mais para ajudar a recuperação econômica do país. Vale lembrar que diferente do Brasil a França possui uma tradição da progressividade, com o IR fatiado em 12 alíquotas, de 5% a 57%.

Discussões como o IGF no Brasil são abafadas diariamente pela imprensa que tenta dizer que o problema do Brasil é simplesmente a carga tributária, de fato precisamos fazer uma reforma tributária no Brasil, mas uma reforma que inverta a regressividade para que aqueles que tem mais condições paguem mais ou invés de menos.

Por fim, vale lembra que “Desde que existem ricos e pobres ou poderosos e vulneráveis, existem pregadores para explicar que é melhor pra todo mundo que as coisas permaneçam como estão” John Quiggin

Por João Pedro Sansão

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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Rebaixamento do Brasil e a turma do "quanto pior melhor"

Não é novidade pra ninguém que o Brasil passa por águas turbulentas na política e na economia, e para ampliar o cenário de pessimismo e desconfiança já instalado no Brasil a agência de risco Standard & Poor's rebaixou a nota do Brasil de BBB- para BB+. 

O Brasil tinha adquirido a nota BBB- em 2009 em meio a crise internacional em 2011 a nota foi para BBB recentemente ela voltou a BBB- e agora está em BB+.

O grau de investimento é um dos itens analisados por empresas quando elas escolhem um país para investir e é base para o cálculo dos juros para futuros empréstimos para governos em todo o mundo. 

O rebaixamento foi justificado pela própria agencia pela situação política do país observando que o congresso nacional não está se dedicando a resolver o problema da crise fiscal e sim em atrapalhar o governo, assim atrapalham o Brasil para fortalecer as vozes contra o governo e talvez futuramente derrubar o governo, a chamada turma do “Quanto pior, melhor”.

Um dos exemplos dos políticos que não querem bem do Brasil é o Senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) que disse na tribuna que seria importante sangrar o governo para poder derruba-lo. Sagrar o governo? De que forma? Desarticulando todos os projetos essenciais para o Brasil e fazer avançar aqueles que aumentam os custos com o aumento de 70% para os servidores federais do judiciário.

O Brasil precisa de união, temos que juntos ajudar o país a melhorar sua situação, essa não é a primeira crise que passamos muito menos a pior mas se todos nos unirmos podemos sair mais rápido dela, temos que deixar de lado os interesses pessoais e partidários e lutar por um país cada vez mais democrático, mais igual e mais justo! Enquanto esse não for o sentimento geral, enquanto muitos ficarem apenas querendo Impeachment achando que a corrupção é culpa de uma pessoa ou de um partido ou pior, ficar dizendo que existem “salvadores da pátria” que vão resolver todos os problemas o país demorará para sair da crise.

Por João Pedro Sansão

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