terça-feira, 31 de março de 2015

Reduzir a maioridade penal, pra que?


Volta e meia o debate da redução da maioridade penal ressurge no Brasil, desta vez de forma mais concreta através de um projeto de lei que foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da câmara devido a um parecer favorável de autoria do deputado Marcos Rogério (PDT-RO). Foram 42 votos a favor e 17 contra.

É claro que não podemos aceitar que pessoas menores de idade fiquem impunes, o problema é que as pessoas confundem o fato dos menores serem imputáveis como se fossem impuníveis, mas não é bem assim, ou ao menos pela lei não deveria ser assim.

Temos leis que preveem varias punições, O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê seis medidas educativas: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação. O problema é que essas leis não são cumpridas, e quando algum jovem fica em internação, na realidade ele é submetido as mesmas condições que um preso comum, quando na verdade ele deveria estar em um regime diferenciado, com acompanhamento psicológico, frequentando aulas regulares, fazendo curso de profissionalização entre outras atividades pedagógicas.

Vários lugares do mundo já reduziram a idade penal em uma tentativa de reduzir a violência, e o resultado foi o oposto. Dados do Unicef revelam a experiência mal sucedida dos Estados Unidos. O país aplicou em seus adolescentes, penas previstas para os adultos. Os jovens que cumpriram pena em penitenciárias voltaram a delinquir e de forma mais violenta. O resultado concreto para a sociedade foi o agravamento da violência.

Precisamos tratar a causa, e não só os efeitos. Temos que lutar por uma sociedade com mais oportunidade a todos, em que o acesso à educação, alimentação e serviços públicos em geral sejam universais. Essa sim é uma luta que vale a pena.

O adolescente marginalizado não surge ao acaso. Ele é fruto de um estado de injustiça social que gera e agrava a pobreza em que sobrevive grande parte da população.

A marginalidade torna-se uma prática moldada pelas condições sociais e históricas em que os homens vivem. O adolescente em conflito com a lei é considerado um ‘sintoma’ social, utilizado como uma forma de eximir a responsabilidade que a sociedade tem nessa construção.

Reduzir a maioridade é transferir o problema. Para o Estado é mais fácil prender do que educar.

Por esses e outros motivos a tendência mundial é fixar em 18 anos a idade penal e dar aos adolescentes um regime diferenciado, mais intensivo, dando assim chances reais de recuperação. E para encerrar vale relembrar aquela frase do filósofo Pitágoras: Educai as crianças, para que não seja necessário punir os adultos.

Por João Pedro Sansão

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terça-feira, 3 de março de 2015

Só um desabafo


O momento em que a maior das ignorâncias invade as salas de aula, não é quando um aluno responde ao professor, o ofende, ou até mesmo o agride. Pois tudo isso pode ser revertido, contornado e transformado. A maior de todas as ignorâncias, assim defino eu, é quando o professor, defende a ideologia de que, “bandido bom é bandido morto”, e não o ideal de que “a qualidade da educação não permitirá que o aluno se marginalize”.

O meu sentimento, com essa primeira afirmação, é a de um atestado de óbito da educação, ou o atestado da completa incompetência do professor que a proferiu. É o ato de desistir de transformar o conhecimento, transpassado aos seus alunos em ações humanas, e pregar o caos. Veem-se em diferentes mídias, pessoas proclamando essa maldita frase, com muito mais frequência é claro quando o “bandido” no caso é preto ou pobre. Pior é quando são os dois. Porém quando um jovem de família, de berço, de sobrenome bem relacionado comete o mesmo ato, o discurso se modifica, quase que de forma beatificadora. Esse discurso dá margem para o surgimento de grupos de justiceiros, como já surgiu, ao uso truculento e desproporcional da força policial. Tudo isso amparado pelo desejo popular.

Não digo com isso que não se devem repreender os crimes, os delitos, e sim que não é com a violência que resolveremos isso. O que faz reduzir esses índices são ações sociais, medidas públicas voltadas à melhoria da qualidade e no acesso a educação, um decréscimo da desigualdade social, com uma melhor distribuição de renda, maior acesso a cultura e esporte, sendo esses mais valorizados. Um conjunto de medidas no intento de assegurar um estado de “bem estar social”, lógico que terão reflexo somente a médio e a longo prazo, e nenhuma dessas medidas passa pelo ódio.

A segunda ideologia é utópica sim, um sonho, porém não pode nunca ser deixada de lado, você é referência, e será exemplo em sala de aula, ou não vale a pena sonhar e lutar e por algo bom. Ainda mais hoje que é tão difícil sonhar, ou talvez expuser isso. Mas se ainda assim você concorda a primeira afirmação, largue a sala de aula, e vai ser um miliciano, ou em algum desses grupos de justiceiros, ou de extermínio, e se torne aquilo que você tanto despreza.

Outra coisa, ser a favor dos direitos humanos, não é defender bandidos não, se você pensa isso, você é um idiota. “Direitos humanos só pra Humanos Direitos” está aí outra afirmação de colossal estupidez. Ser a favor dos DH é defender que, todos tenham direitos iguais à saúde, educação, dignidade, cultura e oportunidades justas de trabalho e convivência social. Entendo eu que, somente uma pessoa de caráter profundamente sádico, consiga desejar a morte de outro alguém, ou a tortura, a humilhação, e você tem esses pensamentos e, ainda se julga uma “pessoa de bem”, a palavra hipocrisia é a que melhor descreve seu ser.

Então, assim como todas as pessoas podem mudar sua forma de agir, pensar e refletir sobre as coisas, você também está incluso nesse contexto. Vivemos em pleno século XXI, e não cabe mais nesse contexto mundial civilizado, essa forma de pensar medieval. Deixamos a barbárie para o passado, embora ela ainda exista nos fundamentalistas religiosos. Mas isso é assunto para outro texto. Um grande abraço.

Por: solano Lenfers

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sábado, 28 de fevereiro de 2015

O outro lado da greve dos caminhoneiros:


Várias paralizações de caminhoneiros aconteceram por todo o país nos últimos dias. Quem está por traz dessas greves? A quem interessa os caminhões parados? E os caminhoneiros, realmente gostariam de fazer parte do movimento? Ou estão sendo forçados a não trabalhar? Há muitas perguntas sem resposta.

Como sempre defendemos aqui no Trelas Soltas, a manifestação é livre, cada um pode protestar, gritar e pedir mudanças. Esse é um direito garantido em nossa constituição que defenderemos até o fim.

A participação de muitos caminhoneiros está sendo forçada, há inúmeros casos de trabalhadores que não gostariam de parar mas acabaram sendo forçados, alguns foram até apedrejados, outros tiveram que chamar a polícia para ser escoltados e seguir viagem.

Trago agora alguns vídeos que mostram a situação de algumas paralisações:




Por João Pedro Sansão

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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Dilma e a esquerda brasileira


Nessas primeiras semanas do segundo mandato da presidenta Dilma o que não faltou foram ações conservadoras por parte do governo, a começar pelo seu ministério, depois o ajuste fiscal e as mudanças nas regras da previdência. Ações mais à direita não é novidade em governos do PT, em 2003 o presidente Lula também fez um ajuste na economia que gerou revolta em setores mais radicais do PT.

Independentemente de quem vencesse o segundo turno, Aécio ou Dilma, haveria ações nesse sentido. Os dois candidatos que foram ao segundo turno cedem a direita, porém a grande diferença entre os dois é que Aécio cede a direita por ideologia, por acreditar ser o melhor para o Brasil, já Dilma cede a Direita, pois não tem opção, está pressionada por um congresso conservador, e não tem força política para bancar pautas mais progressistas.

É natural que a esquerda fique insatisfeita com Dilma, e tem que ser assim, porém o principal partido que faz oposição à esquerda do PT é o PSOL que possui uma bancada muito inferior às bancadas conservadoras do PMDB, PSD e DEM por exemplo.

Um argumento muito usado contra as medidas de Dilma nesse início de segundo governo, é que a esquerda articulou uma grande base social para as reformas e um ajuste fiscal à esquerda, e foi algo muito importante para a vitória de Dilma. O problema é que não há uma base de esquerda consistente no congresso nacional para que as reformas fundamentais do país já tratadas aqui nesse blog saiam do papel.

Uma saída seria a defendida pelo ministro da Educação Cid Gomes(PROS) que defende que Dilma deveria ter uma base menor, porém mais confiável. Ele tem defendido criar um “frentão” de esquerda, promovendo a fusão de vários partidos menores de esquerda em um só, para dar apoio ao governo e viabilizar as reformas necessárias ao país como a reforma das comunicações e a reforma política. Essa ideia ainda roda os bastidores de Brasília, mas, poderia ser uma saída para que o projeto que venceu a eleição realmente fosse posto em prática.

Dilma está apenas na metade de seu governo, e ainda ha muito o que fazer. Grandes obras serão inauguradas, a reforma da educação com os 10% do PIB que sempre foi uma luta histórica do setor, além de colocar o Brasil novamente em ciclo de desenvolvimento, crescimento e distribuição de renda. Se Dilma conseguir realizar tudo isso certamente recuperará sua popularidade, e poderá terminar bem melhor do que começou o seu segundo mandato.

Por João Pedro Sansão

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